quarta-feira, dezembro 26, 2007

FELIZ 2008!!!


Quando as tempestades da vida
Surgem escuras à minha frente,
Me recordo de maravilhosas palavras
Que uma vez eu li.
E digo a mim mesmo:

Quando pairarem nuvens ameaçadoras,
Não dobre suas asas
E não fuja para o abrigo.

Mas, faça como a águia,
Abra largamente as suas asas
E decole para bem alto,
Acima dos problemas que a vida traz.

Pois a áuia sabe
Que quanto mais alto voar,
Mais tranquilos e mais brilhantes
Tornam-se os céus.

E não há nada na vida
Que Deus nos peça para carregar
Que nós não possamos levar planando
Com as asas da oração.

E ao olhar para trás
Verá que a tempestade passou,
Vais encontrar novas forças
E ganhará coragem também.

Tenham uma ótima última semana do ano....

e voem alto em 2008!!!

terça-feira, dezembro 11, 2007

É NATAL!!!


É NATAL E EU QUERIA LHE DAR UMA FLOR,
MAS TÃO FRÁGIL É A FLOR,
QUE AMANHÃ JÁ NADA RESTARIA
DESSE GESTO DE TERNURA...

É NATAL E EU QUERIA LHE DAR UM PUNHADO DE ESPUMA,
A MAIS BRANCA QUE O MAR ESPALHASSE NA AREIA,
MAS TÃO FRÁGIL É A ESPUMA
QUE ANTES QUE A ONDA VOLTASSE AO MAR,
JÁ NADA RESTARIA DESSE GESTO DE TERNURA...

É NATAL EU QUERIA LHE DAR UMA ESTRELA,
MAS TÃO FRÁGEIS SÃO AS MINHAS MÃOS,
QUE NÃO PUDERAM TRANPOR
A DISTÂNCIA ENTRE O CÉU E A TERRA...
E ENTÃO REZO PARA QUE FAÇA DE FLORES
E DE ESPUMAS O CAMINHO POR ONDE VOCÊ
TENHA QUE SEGUIR PARA ALCANÇAR
A ESTRELA QUE EU NÃO PUDE LHE DAR

FELIZ NATAL!!!

segunda-feira, dezembro 03, 2007

Do Outro Lado da Tarde

Sim, deve ter havido uma primeira vez, embora eu não lembre dela, assim como não lembro das outras vezes, também primeiras, logo depois dessa em que nos encontramos completamente despreparados para esse encontro. E digo despreparados porque sei que você não me esperava, da mesma forma como eu não esperava você. Certamente houve, porque tenho a vaga lembrança - e todas as lembranças são vagas, agora -, houve um tempo em que não nos conhecíamos, e esse tempo em que passávamos desconhecidos e insuspeitados um pelo outro, esse tempo sem você eu lembro. Depois, aquela primeira vez e logo após outras e mais outras, tudo nos conduzindo apenas para aquele momento.

Às vezes me espanto e me pergunto como pudemos a tal ponto mergulhar naquilo que estava acontecendo, sem a menor tentativa de resistência. Não porque aquilo fosse terrível, ou porque nos marcasse profundamente ou nos dilacerasse - e talvez tenha sido terrível, sim, é possível, talvez tenha nos marcado profundamente ou nos dilacerado - a verdade é que ainda hesito em dar um nome àquilo que ficou, depois de tudo. Porque alguma coisa ficou(...)
De repente, eu não consegui ir adiante. E precisava: sempre se precisa ir além de qualquer palavra ou de qualquer gesto. Mas de repente não havia depois: eu estava parado à beira da janela enquanto lembranças obscuras começavam a se desenrolar. Era dessas lembranças que eu queria te dizer. Tentei organizá-las, imaginando que construindo uma organização conseguisse, de certa forma, amenizar o que acontecia, e que eu não sabia se terminaria amargamente - tentei organizá-las para evitar o amargo, digamos assim. Então tentei dar uma ordem cronológica aos fatos: primeiro, quando e como nos conhecemos - logo a seguir, a maneira como esse conhecimento se desenrolou até chegar no ponto em que eu queria, e que era o fim, embora até hoje eu me pergunte se foi realmente um fim. Mas não consegui. Não era possível organizar aqueles fatos, assim como não era possível evitar por mais tempo uma onda que crescia, barrando todos os outros gestos e todos os outros pensamentos.
Não consigo ver mais que isso: essa é a lembrança. Além dela, nós conversamos durante muito tempo na chuva, até que ela parasse, e quando ela parou, você foi embora. Além disso, não consigo lembrar mais nada, embora tente desesperadamente acrescentar mais um detalhe, mas sei perfeitamente quando uma lembrança começa a deixar de ser uma lembrança para se tornar uma imaginação. Talvez se eu contasse a alguém acrescentasse ou valorizasse algum detalhe, assim como quem escreve uma história e procura ser interessante - seria bonito dizer, por exemplo, que eu sequei lentamente seus cabelos. Ou que as ruas e as árvores ficaram novas, lavadas depois da chuva.
Mas não direi nada a ninguém. E quando penso, não consigo pensar construidamente, acho que ninguém consegue. Mas nada disso tem nenhuma importância, o que eu queria te dizer é que chegando na janela, há pouco, vi a chuva caindo e, atrás da chuva, difusamente, uma roda-gigante. E que então pensei numas tardes em que você sempre vinha, e numa tarde em especial, não sei quanto tempo faz, e que depois de pensar nessa tarde e nessa chuva e nessa roda-gigante, uma frase ficou rodando nítida e quase dura no meu pensamento. Qualquer coisa assim: depois daquela nossa conversa - depois daquela nossa conversa na chuva, você nunca mais me procurou.

Do outro lado da tarde

Caio Fernando Abreu
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