Eu quero a Paz, a grande Paz da Lua sozinha no céu. A paz sem a menor lembrança, a paz de quem nunca viveu.
A Paz que reina nos domínios onde não há musgos nem germes. E não há sulcos nos caminhos. E há seiva debaixo da neve
A Paz sem devaneios, dentro dos seus nítidod horizontes. A Paz dos cristais no silêncio sem nenhuma idéia de som.
A Paz que precedeu as sombras, a que antes das tréguas nasceu. A que nos tempos não se encontra, a que foi desejo de Deus.
Eu quero a Paz com perfeição de flor e orvalho, eu quero a Paz ao alcance das nossas mãos, com a substância e as cores do nácar.
Porém eu quero a Paz acima de qualquer sopro humano- ou mácula. Com delicadezas de vime guardada de todo contato.
Assim como a Lua sem noite e sem espaço, de tão leve, miragem que se desvanece em frente ao anjo anunciador.
A Lua sem anjo ou demônio, alheia aos mares que descobre no caminho da solidão para lá da vida e da morte. Eu quero a lua toda pura, a lua sem vendas nos olhos. Enquanto a Terra em febre estua, a Lua completa- e não cora.