terça-feira, dezembro 12, 2006

SONETO XCIV

Se eu morrer,
sobrevive a mim com tamanha força
que acordarás as fúrias do pálido e do frio,
de sul a sul, ergue teus olhos indeléveis,
de sol a sol sonha através de tua boca cantante.
Não quero que tua risada ou teus passos hesitem.
Não quero que minha herança de alegria morra.
Não me chames. Estou ausente.
Vive em minha ausência como em uma casa.
A ausência é uma casa tão rápida
que dentro passarás pelas paredes
e pendurarás quadros no ar.
A ausência é uma casa tão transparente
que eu, morto,te verei,vivendo,
e se sofreres, meu amor,
eu morrerei novamente.
PABLO NERUDA

Cem sonetos de amor
(Noite)Pág.108,Ed.L&PM

2 comentários:

  1. Nerruda dispensa comentários,já vc minha amiga,é infinito o carinho e os agradecimentos que não me canso de lhe ofertar,beijos de luz no coração!!!

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  2. Sem Neruda e Florbela Espanca
    eu não vivo, vc sabe rsrs.
    Mas s/vc,seria bem pior o meu
    viver.Bjs Luz e Amor! NAMASTÊ!

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Olá,legal vc ter aparecido,comente sempre,bjs iluminados!!!